Médicos, enfermeiros e outros profissionais que trabalham na Atenção Básica da Autarquia Municipal de Saúde de Apucarana participaram ontem (21/11) e hoje (22/11) de um curso de Capacitação de Hanseníase, com palestra da médica dermatologista Caroline Cilião. No encontro, os profissionais tomam conhecimento sobre o diagnóstico e tratamento da doença, que varia de seis meses a dois anos. Em Apucarana, a Divisão de Epidemiologia realiza a supervisão de 20 pacientes que contraíram a doença.

Na sua exposição aos participantes, a médica detalhou as características da doença e como pode ser diagnosticada no atendimento da atenção básica. Segundo a dermatologista, “é na unidade básica que paciente terá o primeiro contato com o sistema de saúde, quando os primeiros sintomas da doença serão identificados, possibilitando assim o início do tratamento”. De acordo com Caroline Cilião, “o paciente apresenta uma pequena lesão, a falta de sensibilidade na pele e é na unidade de saúde que ele relatará o que está sentindo, pois a lesão não aparece da noite para o dia, aumentando gradativamente”.

Sobre o treinamento, a médica explica que o objetivo “é orientar os profissionais da unidade básica para que eles consigam receber bem estas pessoas, fazer o diagnóstico precoce e iniciar o tratamento”. Lembra a dermatologista que o Brasil, em números absolutos, é o segundo país em maior número de casos de hanseníase, perdendo apenas para a Índia. Salienta Caroline Cilião que a “hanseníase tem cura, deixando muitas seqüelas, principalmente a neurológica, caso o paciente demore em ser diagnosticado e iniciar o tratamento”.

Em Apucarana, a Divisão de Epidemiologia da AMS tem cinco pacientes em tratamento ambulatorial, quatro de forma grave e um de forma leve. No decorrer do ano foram atendidos 10 pacientes, enquanto outros 20 pacientes estão sob supervisão pelo período de cinco anos. A transmissão se dá por meio de uma pessoa doente que apresenta a forma infectante da doença e que, estando sem tratamento, elimina o bacilo por meio das vias respiratórias (secreções nasais, tosses, espirros), podendo assim infectar outras pessoas suscetíveis. O bacilo de Hansen tem capacidade de infectar grande número de pessoas, mas poucas pessoas adoecem, porque a maioria apresenta capacidade de defesa do organismo contra o bacilo.

O diagnóstico da hanseníase é basicamente clínico, baseado nos sinais e sintomas detectados no exame de toda a pele, olhos, palpação dos nervos, avaliação da sensibilidade superficial e da força muscular dos membros superiores e inferiores. Em raros casos será necessário solicitar exames complementares para confirmação diagnóstica. O tratamento, na forma leve, varia de seis meses a um ano; e a forma mais grave, de um a dois anos.

Sem tratamento adequado, doença deixa sequelas graves

O médico infectologista José Rui Conde Alves, da Autarquia Municipal de Saúde, garantiu que a hanseníase “está controlada nos países de primeiro mundo, mas o Brasil ainda é endêmico nos casos da doença, atingindo, principalmente, pessoas de baixo nível sócio-econômico e cultural”. Alves relata que as “pessoas apresentam as lesões de pele, com paralisação de extremidades, associado a ser uma doença pouco pensada e racionada pelos médicos, progredindo nestes pacientes, podendo atingir as formas mais severas, mesmo com tratamento e ficando com sequelas graves”.

Segundo o infectologista, “o importante é tratar o doente e, desta forma, evitar a transmissão da doença para familiares e outros contatos”. Ele ressalta que, diferente da gripe e tuberculose, a hanseníase é uma doença difícil de ser transmitida, mas acaba surgindo no ambiente onde o paciente age. “Fundamental, portanto, o início imediato do tratamento, para abolir a possibilidade de transmissão”, explica o médico.

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