Karlos Eduardo Sacchelli Aparecido, 7 anos, é um apucaranense extremamente tímido com estranhos. Para conseguir arrancar algumas palavras leva um bom tempo, mas não se engane: ele tem uma afinidade surpreendente com as letras. Ontem à tarde, ele lançou seu primeiro livro “Colchãozinho – O incomodado”, no Cine Teatro Fênix, em Apucarana. Na lista do pequeno escritor tem outros três esperando para serem impressos.

É inegável a aptidão de Kadu, como é chamado pela família e pelos amiguinhos de escola, pela literatura. Entretanto, a pouca idade do garoto faz necessária a participação de uma pessoa muito especial, a avó materna Cleide Aparecido, 50. É ela a responsável por colocar no papel as histórias do neto.

Cleide, bibliotecária há anos, conta que lê livros para o neto desde que ele tinha dois anos. Em algumas situações, ela revela que chegou a levar Kadu para o trabalho, ou seja, para a biblioteca, onde junto mergulhavam nas centenas de histórias guardadas nas estantes. “Antes mesmo de aprender a ler as primeiras palavras, o Kadu já ficava criando histórias para as ilustrações”, recorda.

A avó coruja não demorou a perceber a aptidão do menino e começou a anotar as historinhas. Juntos, eles escreveram outros três livrinhos, além de ‘Colchãozinho’. “Ele vai descrevendo todos os detalhes da história e eu vou redigindo”, conta a bibliotecária.

Além da avó de Kadu, a mãe, a pedagoga Gabriela da Silva Sacchelli, 27, e o avô materno Francisco Sacchelli Filho, 35, formado em história e filosofia, também contribuem com dom de criação do garoto. “O Kadu e minha mãe ficam até tarde acordados e nesse período, que eu já estou dormindo, eles criam muitas histórias e se divertem juntos”, conta Gabriela.

Como a maioria das crianças, ele vai para a escola à tarde, gosta de ficar no computador, pratica karatê todas as sextas-feiras e gosta muito de natação. “Gosto também de passear no shopping e de viajar”, revela Kadu.

Entretanto, apesar de escrever historinhas infantis, o menino é fascinado por livros que falam sobre o corpo humano e avó, é claro, morre de orgulho. E não bastasse a avó ficar até tarde contando histórias para Kadu, ela ainda cria as fantasias dos personagens que o neto cria. “Já fiz uma roupa de ninja e também transformei uma pipa em uma águia. Não meço esforços para realizar o que ele imagina”, assegura Cleide.

O LIVRO

Ilustrado por Patrícia Adriana Amorim, o livro infantil ‘Colchãozinho – O incomodado’ conta a história de um colchão muito mal – humorado que é jogado na floresta. Os bichinhos tentam fazer amizade com ele, mas Colchão é irredutível. “O Colchãozinho é muito chato com o pessoal”, revela o pequeno Kadu. De tanto Colchão maltratar os amiguinhos, eles resolvem se esconder e fingir que foram embora. Nesse período, Colchãozinho se sente muito só e acaba pedindo desculpas para o pessoal e se tornando amigo de todos eles. “Quis mostrar nessa historinha que todos nós precisamos de amigos”, diz o pequeno escritor.

Além de ‘Colchãozinho – O incomodado’, Kadu, com a ajuda da avó Cleide, já escreveu outros três livros que ainda não foram publicados. São eles “O recanto dos sonhos”, “O prédio que não tinha amigos” e “O morcego perdido”.

Fonte: Site TNOnline

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