Em um universo essencialmente burocrático, em que todos os dias são emitidos e arquivados leis, decretos, portarias e outras centenas de papéis oficiais, fica difícil imaginar que existe um documento na Prefeitura de Apucarana que só é manuseado de quatro em quatro anos. Mas ele existe. Guardado a sete chaves, sobretudo devido sua relevância histórica, é o “Livro destinado à lavratura de atas de transmissões de cargo de prefeito”. O nome é esse mesmo, datilografado e disposto em duas linhas em uma pequena etiqueta, estampado em um charmoso livro de capa dura da década de 50, já amarelado pelos anos.
E, como neste domingo (01/01), às 8h30, no Cine Teatro Fênix, acontece mais uma posse, o documento cumprirá mais uma vez com o seu propósito. Desconhecido de muita gente, nesta sexta-feira (30/12) o livro ata foi resgatado mais uma vez do cofre municipal e já pôde ser visto por poucos servidores, responsáveis pelo protocolo exigido pelo momento.
O prefeito Beto Preto, que é o 14º chefe do Executivo Municipal eleito desde que Apucarana emancipou-se em 28 de janeiro de 1.944, folheou cuidadosamente as 45 páginas já preenchidas de forma caprichosa, à letra de mão, e falou sobre o sentimento. “Este livro carrega a história política da cidade e é com muita emoção e respeito por Apucarana que terei o prazer de assiná-lo novamente neste domingo e ter a honra de prosseguir como prefeito. Sou muito grato ao povo pelos votos recebidos”, disse Beto. Ele lembrou que teve ainda a oportunidade de assinar a ata como testemunha no ano de 2001, quando da transmissão de cargo entre os gestores da época. “Ao meu lado também estava o atual superintendente de Relações com a Comunidade, Laércio Morais”, salientou.
Ao comentar sobre ações de gestão desenvolvidas nos últimos quatro anos, o prefeito reeleito afirmou estar ainda mais preparado para os desafios administrativos. “Lembro quando subi o primeiro degrau da prefeitura, há quatro anos, e pedi a Deus que abençoasse com suas mãos todo o trabalho. Neste domingo, vou renovar o pedido, pois quando pedimos com Fé, Ele sempre nos responde com grandes coisas”, pontuou Beto Preto.
Curiosidades – O primeiro registro do livro de transmissão de cargos da Prefeitura de Apucarana é datado de 1951, quando o então prefeito Carlos Massaretto, primeiro gestor eleito do município, passou a administração da prefeitura ao Coronel Luis José dos Santos, popularmente conhecido como Coronel Mamão.
Em ordem cronológica, os 14 prefeitos eleitos em voto popular em Apucarana foram: Carlos Massaretto (1947), tenente-Coronel Luis José dos Santos, Jorge Amin Maia, Marino Pereira, Álvaro Anibal Lautenchlager, Saul Guimarães da Costa, Valmor Santos Giavarina, Luiz Antônio Biacchi, Voldimir Maistrovicz, Carlos Roberto Scarpelini (dois mandatos), José Domingos Scarpelini, Valter Aparecido Pegorer (três mandatos), João Carlos de Oliveira e Carlos Alberto Gebrim Preto, Beto Preto (atual e reeleito). Na trajetória histórica, em períodos curtos, alguns vices-prefeitos também chegaram a assumir a função de chefe maior da cidade.
Toda esta história de posses e transmissões de cargo foi detalhadamente contada, recentemente, pelo jornalista e pioneiro apucaranense Francisco Soares Dias Sobrinho, em testemunho ao livro “Apucarana: uma história de sucesso no Norte do Paraná”. Desde a emancipação em 1944 até o primeiro prefeito eleito popularmente, em 1947, seis administradores já haviam ficado à frente do Executivo Municipal. Os primeiros representantes, lembrou o pioneiro, costumavam ser nomeados pelo governo estadual, tendo sido o tenente-coronel Luis José dos Santos o primeiro prefeito designado para a função.

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