O Dia Nacional da Consciência Negra, instituído pela lei 12.519/11 e transformado em feriado nacional pela lei 14.759/23, é um marco na luta pela igualdade racial no Brasil. Em Apucarana, uma série de eventos está sendo realizado no mês de novembro, abrangendo palestras, exposições, sarau e apresentações culturais com recitais de poesia, música e dança, além de momentos religiosos.

A programação alusiva ao Dia da Consciência Negra é uma iniciativa da Prefeitura de Apucarana, por meio da Secretaria de Promoção Artística, Cultural e Turística (Promatur), em parceria com as autarquias municipais de Saúde e Educação, Unespar e os movimentos Diversidade Cultural Plural e Pastoral Afro Brasileira da Diocese de Apucarana.

Uma das ações que integra a programação foi uma entrevista coletiva à imprensa, que aconteceu nesta terça-feira (19/11), na véspera do feriado da consciência negra que é celebrado no dia 20 de novembro. Participaram da entrevista Carlos Figueiredo, presidente da Diversidade Cultural Plural e vice-presidente da Pastoral Afro Brasileira da Diocese de Apucarana, além da professora Bruna Padilha, coordenadora do projeto de extensão em educação ambiental e literatura afro-indígena da Unespar, e da doutora em literatura e curadora dos museus municipais de Apucarana, Jéssica Rocha.

Figueiredo afirma que no dia 20 de novembro não foi programada uma “festa”, mas  momentos de reflexão – ao longo do mês de novembro até 15 de dezembro – especialmente sobre as políticas públicas voltadas para o setor. “O 20 de novembro é um grito, dentro de um contexto de 56% do povo negro no Brasil. É um feriado que vem no sentido de incluir mais, de dar mais evidência e de dar reconhecimento ao povo negro que construiu uma história neste País”, ressalta Figueiredo.

Além do projeto de extensão voltado à educação ambiental e à literatura afro-indígena, a Unespar também é parceira na programação alusiva ao Dia da Consciência Negra. “Nos dias 26, 27 e 28 teremos uma programação na Unespar, para a qual foram convidadas diversas entidades que trabalham a questão étnica racial e o movimento negro. O objetivo é dialogar e refletir sobre a luta no combate ao racismo”, afirma, acrescentando que o evento contará com a palestra de professores ligados à Universidade Estadual de Londrina (UEL).

Jéssica Rocha lembra que o colonialismo trouxe o tráfico de escravos para o Brasil. “Trata-se de um seqüestro. São pessoas que estavam nas suas comunidades negras e que foram trazidos para o Brasil. Foi uma grande violência que exige uma reparação dos governos, das políticas públicas”, avalia a doutora em literatura, que também integra a entidade Diversidade Cultural Plural.

A sociedade brasileira – continua Jéssica- ainda é muito tolerante com o racismo. “Parece que a miscigenação é uma resposta para tudo. Precisamos de políticas públicas de combate ao racismo e que tragam oportunidades iguais aos negros”, pontua.

Para ela, o racismo é estrutural e dificulta a ascensão dos negros na sociedade. “Por exemplo, vemos que não temos tantos autores negros no cânone da literatura brasileira e, nos bancos universitários, percebemos que muitas vezes não são debatidos os textos, os artigos e livros dos autores negros”, completa a doutora em literatura.

A programação completa alusiva ao Dia da Consciência Negra pode ser conferida no site da Prefeitura (www.apucarana.pr.gov.br).

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