A prefeitura lançou ontem (8) a campanha “Apucarana Alfabetiza” num evento que reuniu diretores de escolas municipais e CMEIs e lideranças da comunidade no salão nobre do prédio da administração municipal. A mobilização, que visa colocar Apucarana na condição de “cidade livre do analfabetismo”, é uma iniciativa da Autarquia Municipal de Educação em parceria com as secretarias da Mulher e Assuntos da Família e Assistência Social.
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A ação integrada das três pastas propõe que a direção dos estabelecimentos de ensino e lideranças comunitárias façam uma busca ativa em suas respectivas regiões, envolvendo associações de bairros e outras formas de grupos organizados, daquelas pessoas que ainda não sabem ler e escrever, conscientizando-as da importância e dos benefícios de ser alfabetizado.
“Pedi para as titulares das secretarias da Educação, Ação Social e da Mulher e Assuntos da Família se unissem para que pudéssemos fazer em Apucarana uma grande mobilização pela educação de jovens e adultos. É uma grande luta. Buscamos o envolvimento da cidade inteira neste combate, neste processo de erradicação das pessoas que ainda não conseguem ler e escrever aqui em Apucarana”, conclamou Beto Preto, que impedido de comparecer ao evento devido compromisso fora da cidade, falou aos presentes através de uma mensagem de vídeo.
Beto Preto lembrou que em 2012 Apucarana não preencheu nenhuma vaga do Pronatec. “Em 2013, esta mesma equipe, formada pelas três secretarias que estão à frente da mobilização por uma Apucarana Alfabetizada, conseguiu fazer o melhor Pronatec do Paraná. Portanto, tenho certeza que no final do ano iremos colher grandes resultados neste grande programa de mobilização a favor da educação de jovens e adultos. Vamos ser multiplicadores desta idéia que visa proporcionar a possibilidade das pessoas não só aprenderem a ler, mas a compreender textos, a realmente entender aquilo que estão lendo”, enfatizou.
Representando o prefeito Beto Preto no evento, o vice-prefeito Júnior da Femac deu ênfase à responsabilidade da sociedade como um todo dentro desse processo de erradicar o analfabetismo no município. “Esse é uma questão séria e grave que precisa ser encarada por cada um de nós. Todos deveriam se perguntar: quantas pessoas vou motivar e levar para os bancos escolares? A prefeitura vai entrar nesta luta pelas mãos de cada cidadão que tenha a sensibilidade de quere ajudar alguém que está ao seu lado e precisa ser alfabetizado ou concluir seus estudos”, declarou.
Indo de encontro a esse chamamento do vice-prefeito, a secretaria da Ação Social, Márcia Regina de Sousa, anunciou que uma ação imediata da sua pasta será a mobilização dos 35 grupos da Terceira Idade existentes na cidade visando identificar aqueles integrantes que ainda não são alfabetizadas. “Aprender não tem idade e vamos motivá-los a estudar. Estamos engajados nesta proposta de unir forças para que Apucarana tenha um momento diferente na questão da alfabetização”, assegurou.
Um problema vivenciado no dia a dia das atividades da Secretaria da Mulher e Assuntos da Família, a falta de alfabetização ou mesmo um nível melhor de escolaridade, tem sido, segundo a titular da pasta, Denise Machado, um dos motivos que impossibilita muitas mulheres de participarem dos cursos oferecidos no Centro de Oficinas da Mulher (CAM). “Vamos dar nossa parcela de contribuição para mudar essa realidade. Toda nossa equipe está mobilizada e sensibilizada para que Apucarana seja alfabetizada”, garantiu.
De acordo com o Ministério da Educação (MEC), são considerados municípios livres do analfabetismo aqueles que têm taxa de analfabetismo menor que 4% em sua população com 15 anos ou mais. O resultado do último censo do IBGE, de 2010, indicou a existência de 5.6 mil pessoas não alfabetizadas em Apucarana, o que representa 5,9% da população do município. “Nosso índice não é alarmante, mas queremos colocar Apucarana na condição de cidade livre do analfabetismo”, afirmou a secretaria da Educação Marli Regina Fernandes da Silva. “Faço um apelo para que todos abracem essa causa. Ler e escrever é uma conquista da cidadania das pessoas. É emocionante ouvir relatos de alunos que freqüentaram o EJA e hoje conseguem ler a receita de um bolo, o boletim dos filhos, o rótulo de um produto no mercado, entre outras inúmeras situações em que a falta leitura exigia que contassem com a ajuda de outras pessoas”, acrescentou.
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UMA DECISÃO QUE VALE A PENA
O evento de lançamento da mobilização “Apucarana Alfabetizada” foi marcado pelos depoimentos de duas mulheres que freqüentaram as aulas da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e hoje ocupam o cargo de auxiliar de enfermagem na Autarquia Municipal de Saúde. Neide Chaves relatou o grande esforço e a força de vontade que precisou ter para voltar aos bancos escolares aos 40 anos, quando já era casada e com filhos pequenos. “Hoje trabalho no que gosto, tenho independência financeira e me sinto realizada. Aconselho as pessoas a começar a estudar ou voltar para escola porque vale mesmo a pena”, aconselhou.
Delzeni da Silva Canaveze decidiu voltar aos estudos do ensino, num primeiro momento para concluir o ensino fundamental e depois cursar a ensino médio. Frequentou as aulas num período que tinha o primeiro filho ainda bebê e durante a segunda gravidez. “Quem tem vontade de voltar a estudar depois de adulto precisa se esforçar. Se for preciso busque apoio da família, dos amigos, mas não desista deste objetivo porque vale muito a pena. Para mim foi uma grande conquista, a qual me permitiu, entre muitos outros benefícios, crescer na minha profissão”, afirmou.
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MATRÍCULAS
As inscrições para a Educação de Jovens e Adultos (EJA) já estão abertas e podem ser feitas até o final do mês (31 de maio) nas 36 escolas da rede municipal de ensino, nos 21 CMEIs, nos CRAS e nas secretarias da Educação, Ação Social e da Mulher e Assuntos da Família. Os interessados devem apresentar cópia da certidão de nascimento ou carteira de identidade acompanhada da original, histórico escolar e cópia do comprovante de residência. Os alunos que não possuírem documentação escolar comprobatória não precisam se preocupar, pois os professores aplicam um exame que indica em qual série o estudante pode ser matriculado.
Com início previsto para junho, as aulas vão acontecer nos três turnos (matutino, vespertino e noturno). “Estamos com 16 turmas abertas em 13 escolas. Se for necessário abriremos mais para atender a demanda”, afirmou a secretária da Educação, Marli Regina Fernandes da Silva. “A Secretaria da Educação vai preparar os horários que forem necessários para essa mobilização. Se forem necessários horários diurnos, nós vamos ter turmas para isso. Se for preciso preparar turmas que mesclem horário durante a semana e no fim de semana vamos procurar atender também essas necessidades”, garantiu o prefeito Beto Preto.