Em Apucarana, a diferença salarial entre homens e mulheres está bem abaixo da média nacional. Enquanto no Brasil os homens recebem 21% a mais, em Apucarana essa diferença é de 2,75%. O dado foi apresentado nesta quarta-feira (22/03), durante palestra sobre o tema realizada no Sesc e que integra a programação do Mês da Mulher.
O estudo foi apresentado pela professora da Unespar, Tânia Terezinha Rissa, mestre em economia e delegada do Conselho Regional de Economia (Corecon). Também acompanhou a apresentação do levantamento o economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e mestre em economia, Rafael Montanari Durlo.
No levantamento foram analisados dados dos últimos 10 anos, a partir de informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), Relação Anual de Informações Sociais (Rais), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC-T).
O prefeito Junior da Femac afirma que a redução da diferença salarial em Apucarana pode ser explicada pelo perfil econômico do Município e também devido às políticas públicas implementadas pela Prefeitura. “Qual é o sentido de um homem e de uma mulher que fazem a mesma coisa, porém recebem remunerações diferentes?”, questiona Junior da Femac, acrescentando que a palestra é um momento que foi criado para debater amplamente o tema e “tocar nesta ferida” da sociedade.
A secretária da Mulher e Assuntos da Família, Denise Canesin, afirma que o Município busca promover a equidade com diversas ações. “É um trabalho abrangente, que vai desde atividades nas escolas para levar essa consciência aos estudantes, até ao Programa de Economia Solidária que está sendo o propulsor da geração de renda e de salários mais dignos para as mulheres”, pontua Denise.
Durante a palestra, a professora da Unespar afirmou que equidade salarial já está prevista desde 1943, com a promulgação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O artigo 461 da CLT estabelece que “sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor prestado ao mesmo empregador, na mesma localidade, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, nacionalidade ou idade”.
A especialista avalia que em Apucarana as mulheres foram conquistando espaço no decorrer dos anos. “Elas foram lutando pelo seu lugar no mercado de trabalho e essa defasagem salarial foi diminuindo. Pode ter acontecido por políticas públicas, pelo aumento da consciência empresarial ou até mesmo visando cumprir a legislação”, afirma, lembrando que a diferença salarial – de 2,75% entre os salários pagos para homens e mulheres em Apucarana – resultou da análise dos empregos formais registrados no período estudado.
De acordo com ela, em 2002 a disparidade salarial chegou a 30% no município. “A diferença foi evoluindo, teve períodos de queda e elevação. E em 2022 chegou a 2,75%”, informa. Tânia afirma ainda que a pesquisa, desenvolvida pela Universidade Estadual do Paraná (Unespar), também analisou a questão no Paraná onde a diferença salarial entre homens e mulheres é de 28%.
A palestra contou ainda com a presença da secretária municipal de Assistência Social, Jossuela Pirelli, da presidente da Câmara da Mulher Empreendedora e Gestora de Negócios (Cmeg), Sueli Carmona Dias, de Aida Assunção, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Apucarana (Sivana), do gerente do Sesc, Ronaldo Ficagno, e de representantes do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher.