A confirmação crescente de novos casos em todo o Paraná e, em especial em cidades vizinhas, tem motivado a Secretaria de Saúde de Apucarana a promover a intensificação das estratégias de combate ao mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue, zika vírus e chikungunya. O cenário atual, segundo o prefeito Júnior da Femac, é de perigo. “Estamos em um ponto muito semelhante ao que vivenciamos no ano passado e por isso não podemos descuidar. Muitas cidades vizinhas a Apucarana já apresentam uma situação bastante ruim em relação ao número de casos confirmados e por isso faço um apelo a toda população para que, juntamente com o poder público, desde já faça a sua parte para evitarmos a proliferação do mosquito e, consequentemente, novos casos de dengue na cidade. Do contrário, teremos novamente que enfrentar uma grande batalha. A dengue mata e todos devemos fazer a nossa parte”, alertou o prefeito Júnior da Femac durante entrevista coletiva realizada no gabinete municipal nesta sexta-feira (11/10).
Além de capacitação dos servidores envolvidos no combate a doença, campanhas de conscientização através dos veículos de comunicação e ações de mobilização da comunidade, em escolas, igrejas, associações, sindicatos, entre outros segmentos sociais, entre as principais estratégias em prática no momento está uma maior agilidade na notificação de casos suspeitos, com realização imediata de bloqueios físicos e químicos por parte das equipes de agentes comunitários de endemias (ACE’s). “Até então, os bloqueios eram apenas realizados mediante confirmação de um novo caso. Atualmente, estamos promovendo a eliminação de focos e bloqueio da doença de forma preventiva, bem como orientação dos moradores da região antes mesmo da confirmação ou não da suspeita por parte do Laboratório Central do Estado (Lacen)”, esclarece Dr. Emídio Bachiega, secretário municipal da Saúde.
Outra estratégia mantida é a unidade de referência para a dengue junto à Unidade Básica de Saúde (UBS) Bolivar Pavão, no Jardim América. “É uma central de atendimento especializada que ativamos em dezembro do ano passado durante a epidemia e que vamos manter neste novo ciclo epidemiológico para atendimento da população”, informa Bachiega, destacando que o funcionamento é de segunda a sexta-feira das 7 às 22 horas e, sábados, domingos e feriados das 8 às 22 horas. “Estamos ainda programando uma capacitação sobre o “Manejo Clínico da Dengue” aos profissionais das UBS´s, UPA, Escola da Gestante e Centro Infantil, que deve acontecer nos primeiros dias de novembro”, comunica o secretário, que reforça as orientações gerais e pede que a população faça a sua parte no combate a dengue.
“Estamos entrando em um período crítico para a doença, que é de outubro a maio, época de calor e chuvas frequentes. Sabemos que 80% dos criadouros estão nas residências, então reforçamos o apelo para que os moradores e comerciantes mantenham quintais e estabelecimentos livres de todo e qualquer recipiente ou condição que possa acumular água, seja ela limpa ou suja. A larva está cada vez mais resistente e sobrevive até mesmo em água com alguns agentes químicos, como tinta”, exemplifica o secretário. Ele anuncia que a Ouvidoria da Autarquia Municipal de Saúde (AMS) tem um número de telefone celular, que também tem o aplicativo de mensagem WhatsApp, onde as pessoas podem encaminhar denúncias. “Temos o disque-denúncia de combate a dengue, no número 99967-0860 onde a pessoa, sob condição de anonimato, pode relatar situações irregulares, inclusive enviando fotos ou vídeos, que serão averiguadas pela nossa fiscalização”, comunica Bachiega, pedindo ainda que os moradores sempre que visitados, abram as portas para os agentes de endemias.
Neste ano, o ciclo epidemiológico da dengue teve início em 28 de julho e se encerra apenas no final de julho de 2025. “Em Apucarana, realizamos até o momento 399 notificações com seis casos confirmados e nenhum óbito. Em termos de perigo do avanço da doença, estamos em uma região atualmente classificada de médio risco. Conforme alertou o prefeito, cidades vizinhas já possuem muitos casos confirmados. Para se ter uma ideia, Londrina já registra 2.867 notificações com 524 casos confirmados; Maringá 898 notificações e 229 confirmados; Cambé 912 notificações e 57 casos confirmados; Arapongas com 75 notificações e nove casos confirmados; Jandaia do Sul tem 71 notificações e dois casos confirmados e Mandaguari com 128 notificações e 50 casos confirmados”, informa Luciano Simplício Sobrinho, coordenador da Divisão Municipal de Vigilância Epidemiológica.
Segundo ele, a divisão municipal mantém um monitoramento diário a partir de 400 ovitrampas posicionados em todas as regiões de Apucarana. “As ovitrampas são armadilhas que funcionam atraindo as fêmeas do mosquito Aedes aegypti para que elas depositem os seus ovos. A partir de então, conseguimos avaliar o nível de infestação daquela área e realizar as ações necessárias para o momento”, explica Simplício.
Segundo dados divulgados nesta semana pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), o Paraná registra até o momento 19.586 notificações e 2.460 casos confirmados, sem mortes. No total, 339 municípios já apresentaram notificações da doença, que é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, e 209 possuem casos confirmados. Também participou da coletiva o técnico da Divisão de Vigilância Epidemiológica, Pablo Alfredo Saito.
Último ciclo – O Paraná fechou o último ciclo epidemiológico (30 de julho de 2023 a 27 de julho de 2024) com 595.732 casos confirmados e 610 mortes em decorrência da dengue. Londrina (40.552), Cascavel (32.338), Maringá (23.232), Apucarana (18.619) e Ponta Grossa (17.440) foram os municípios com mais casos confirmados no período. Em relação aos óbitos, Cascavel (57), Londrina (52), Toledo (44), Apucarana (27) e Francisco Beltrão (19) lideraram a lista. No período 23/24, foram detectados três sorotipos de dengue em circulação no Paraná: DENV-1, DENV-2 e DENV-3. O DENV-1 teve a maior circulação nos municípios, representando mais de 80% das amostras tipificadas pelo Laboratório Central do Estado do Paraná (Lacen).