Marcando o Dia da luta Antimanicomial, celebrado neste sábado, Apucarana está realizando o 2º Encontro de Atenção à Saúde Mental: A Rede em Pauta. O debate envolve, entre hoje e amanhã, profissionais médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, agentes comunitários de saúde e usuários do sistema. Além de levar esclarecimentos, o principal objetivo é discutir estratégias para ampliar a integração dos pacientes nas comunidades e fortalecer a rede de atendimento.

“Temos que estar atentos e sensíveis às demandas destes pacientes. As soluções advêm da identificação das necessidades e da discussão multiprofissional. Juntos, trabalhando em conjunto, temos maiores chances de vermos essa rede funcionando e com a capilaridade necessária”, disse o prefeito de Apucarana, Beto Preto. De acordo com ele, nos últimos 15 anos os recursos destinados às internações hospitalares não foram transferidos para o atendimento dos pacientes nas comunidades. “Mas isso não é desculpa. Precisamos abolir algumas práticas, assumindo o compromisso de uma saúde transversal e fazendo o enfrentamento necessário”, ressaltou.

O 2º Encontro de Atenção à Saúde Mental é uma promoção da Autarquia Municipal de Saúde (AMS), Centro de Atendimento Psicossocial Infanto-juvenil de Apucarana (CAPS i), Centro de Atendimento Psicossocial de Apucarana Álcool e Drogas (CAPS AD) e CAPS Regional de Cambira. “Apucarana é referência regional na saúde mental. Queremos promover a integração da rede de atenção básica a outros módulos, como os de urgência e emergência, buscando proporcionar um atendimento integral”, define o secretário municipal de Saúde, Dr. Hélio Kissina.

O encontro está acontecendo em dois espaços e com público-alvo definidos. Hoje de manhã, no Salão Nobre da Prefeitura de Apucarana, participaram das atividades médicos, enfermeiros, psicólogos e outros profissionais técnicos da saúde mental. Foram ministradas as palestras “Sinais e Sintomas de transtorno mental grave”, com a médica psiquiatra Drª Juliana Brum, e “Rede em Pauta”, com a psicóloga Tânia Tanus Salvatori e a enfermeira Lilian Ferreira Domingues. Nesta sexta-feira, o evento prossegue nas dependências do Polo da UAB, na Praça Rui Barbosa, com palestras e atividades voltadas a agentes comunitários de saúde e usuários da rede.

De acordo com Eliane Cherrite, assistente social e coordenadora do Centro de Atendimento Psicossocial Infanto-juvenil, a rede de serviços começou a ser articulada no município em 2008. A principal luta, segundo ela, é a chamada “desinstitucionalização”, diminuindo os internamentos e inserindo os pacientes nas comunidades. “O objetivo é buscar o fortalecimento dos laços familiares e comunitários, dividindo-se assim a responsabilidade sobre os cuidados e o monitoramento. Cada vez mais, a sociedade precisa assegurar o direito da inclusão, resgatando a cidadania por meio da convivência familiar e comunitária”, ressalta.

REFERÊNCIA – Apucarana conta com duas unidades do CAPS (Infanto-juvenil e Álcool e Drogas) e, junto com a o CAPS de Cambira, forma uma rede regional que atende a 17 municípios. Somente o Centro de Atendimento Psicossocial Infanto- juvenil atende a cerca de 250 pacientes, com idade de 0 a 18 anos. “A luta antimanicomial é emblemática nesta faixa etária. Imagine retirar uma criança da sua família, do meio em que vive, para interná-la num hospital psiquiátrico?”, exemplifica Tânia Tanus Salvatori, psicóloga que atende no CAPS Infanto-juvenil de Apucarana.

Localmente, a rede de atenção à saúde mental é formada por diversas entidades e instituições, como escolas, unidades básicas de saúde, CREAS, CRAS, conselho tutelar, Ministério Público, pastorais da saúde e OGNs, entre outros. “O atendimento extrapola a área da saúde, abrangendo serviços sociais, jurídico, de segurança, educação e acolhimento das famílias. O objetivo é integrar tudo isso, incluindo cada vez mais os pacientes nas comunidades, diminuindo ao máximo os internamentos”, explica.

A psicóloga lembra que somente em casos severos o paciente é encaminhado a hospitais psiquiátricos. “Às vezes isso é necessário, mas deve ser feito com muito critério e somente quando haja riscos ao próprio paciente e a outras pessoas”, pondera, lembrando que na região existem hospitais psiquiátricos em Jandaia do Sul, Rolândia e Londrina. No Brasil, o Dia da Luta Antimanicomial foi instituído em 1987, quando passou a ser realizada anualmente no dia 18 de maio.

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