Dez dias depois de a Prefeitura de Apucarana assumir a administração do Terminal Rodoviário João Batista Boscardin Filho, o local já passou por uma boa transformação, de acordo com avaliação de comerciantes, taxistas, motoristas e trabalhadores que atuam no prédio público. As melhorias aconteceram, principalmente, nos aspectos de limpeza, segurança e iluminação.
Todo o trabalho está sendo acompanhado de perto pelo prefeito Beto Preto. Desde a última quarta-feira ele passou a cumprir expediente, em momentos alternados, na prefeitura e numa sala do terminal, e tem planejado as benfeitorias que pretende realizar no local num futuro próximo.
Há 10 anos a administração da rodoviária estava nas mãos de uma empresa privada, a Administradora e Prestadora de Serviços de Limpeza Apucarana Ltda, cujo serviço era alvo de constantes reclamações. “No dia 17 de março, encontramos a rodoviária com a manutenção muito abaixo do estado crítico. Os banheiros com mau cheiro, iluminação precária, falta de segurança e andarilhos dormindo no interior do prédio. Presenciamos aqui, já no primeiro dia, uma briga entre três pessoas embriagadas”, relatou o prefeito Beto Preto enquanto despachava no seu gabinete improvisado no terminal.
“Isso tudo está mudando. Estamos fazendo um trabalho de estar presente aqui, de pensar este terminal rodoviário para o futuro”, complementa o prefeito, classificando a rodoviária como uma obra imponente e importante, já que Apucarana é um entroncamento logístico da região.
Beto lamenta o fato de muitas linhas de ônibus terem deixado de vir para Apucarana devido a falta de zelo com o terminal nos últimos 10 anos. “Tudo isso devido a um contrato mal feito pelos gestores anterior. Quando falo dessa questão dos 12 anos que me antecederam aqui na prefeitura não é para brigar com ninguém, mas tenho que dar ênfase ao fato de que quem cuidava desses contratos nunca atentou a diversas situações. A qualidade da manutenção e dos serviços da terceirizada era horrível”, reitera Beto Preto.
O trabalho de recuperar a imagem do terminal já está em andamento, com a limpeza geral, inclusive nos banheiros que passaram por um processo de higienização abrangente e agora pode ser utilizado sem custo. “O odor fétido dos sanitários não existe mais. Temos vigilância 24 horas, dando segurança aos usuários, lojistas e aos taxistas”, observa o prefeito. Ainda foi feito a substituição de 50% das lâmpadas e reatores na área interna de acesso dos passageiros.
Beto Preto manifesta que está engajado neste processo, visando dar uma nova cara ao terminal rodoviário. A meta, além da limpeza, segurança e iluminação, é diversificar os tipos de comércio no local, com a instalação de farmácia, lotérica, entre outras variedades como um “Café” na área gastronômica. Existem planos ainda de instalar guarda-volumes e oferecer duas vagas para carregador de malas.
“Estamos com uma negociação parada há um ano, que agora estamos retomando. A viação Garcia tem um serviço de levar pacientes para Curitiba e queremos colocar aqui na rodoviária um entreposto deste trabalho”, planeja Beto Preto. Os municípios menores, segundo o prefeito, trariam seus pacientes até aqui, os quais teriam a sua disposição uma sala confortável para a espera tanto do ônibus até a capital do estado, quanto do transporte oferecido pelo seu município no retorno.
“Temos a preocupação de fazer o melhor para as pessoas que utilizam a rodoviária. Esse terminal vai se transformar num local belo. Vamos fazer um grande trabalho administrativo nesta rodoviária, que visa ainda trazer mais linhas de ônibus para cá”, planeja Beto Preto, que vem recebendo, pessoalmente ou através de mensagens escritas, manifestações de agradecimento pela retomada administrativa do terminal e pelos efeitos positivos já sentidos.
Comerciantes e taxistas elogiam mudanças
O comparativo das condições do terminal rodoviário, antes e depois de o município assumir a administração do local já é feito por quem vive o dia a dia do local. A vendedora da loja Papai Presentes, Maria Amália, diz se sentir aliviada quanto ao aspecto segurança. “Agora estou trabalhando em paz. Tinha andarilho e bêbados circulando à vontade, intimidando a todos, trabalhadores e usuários. Agora acabou, estou bem feliz. Uma semana foi suficiente para mudar uma realidade terrível que enfrentávamos há anos”, afirma Maria Amália.
A atendente da Expresso Nordeste, Patrícia dos Santos Ferreira, destaca o fator limpeza do local. “Está sendo feito um serviço de lavagem de toda a área que nunca existia. Dentro do banheiro não dava para respirar devido ao mau odor. Agora é outro ambiente, tem cheiro de limpeza”, relata.
A também atendente, da Expresso Maringá, Karine Ferreira, reforça os depoimentos acima. “Dava medo trabalhar aqui e não havia conservação adequada. Agora isso parece uma rodoviária e não um abrigo de bêbados e drogados. Pediam dinheiro para nós funcionários e para os usuários e se não recebiam faziam ameaças. Nessa semana tudo mudou da água para o vinho”, dimensiona.
A segurança que passou a vivenciar há 10 dias no terminal é comemorada pela proprietária da Lanchonete Bandini, Neusa Bandini. “Segurança era tudo que precisávamos. Passei momentos muito difíceis. Ameaça dos andarilhos, bêbados e drogados era uma constante, chegavam a chutar e destruir as prateleiras com mercadorias quando recusamos a dar dinheiro. Quanto à limpeza, isso aqui nunca tinha visto água”, comenta.
Os taxistas, por sua vez, avaliam que o nível se segurança aumentou em 100%. De acordo com Airton Falcão, que trabalha no ponto de táxi da rodoviária há 8 anos relata o risco que todos corriam com a hostilidade dos andarilhos, bêbados e drogados que se utilizavam do terminal como ponto fixo para permanecer na cidade. “Era briga entre eles e inúmeras situações de violência como o roubo de celular de pessoas que paravam no estacionamento. Ainda riscavam o carro daqueles que não lhes davam dinheiro quando pediam para cuidar do veículo. Era o caos e isso acabou da semana passada para cá”, afirma Falcão.
O taxista Diego Aparecido de Castro lamenta a situação em que se encontrava o que definiu como um cartão de visita da cidade. “Faltava organização. Agora é visível a diferença na limpeza, nas condições de segurança, na manutenção da área verde e até na iluminação”, diz Diego.
Há 30 anos trabalhando como taxista na rodoviária, Getúlio Ferreira de Moraes diz que o aspecto e a segurança da local já mudaram da “água para o vinho”. “Tinha apenas uma mulher para limpar tudo e a vasoura era sem cabo, tinha que se virar para improvisar e conseguir varrer. O cortador de grama dava até dó porque não conseguia fazer serviço com aquela máquina que quebrava o tempo todo. Isso era um desleixo, era abandonado”, define.
Contrato rompido
O contrato com a empresa Administradora e Prestadora de Serviços de Limpeza Apucarana Ltda vigorava desde 2007. O documento foi firmado por cinco anos e prorrogado por mais cinco. A prefeitura tentou rescindir o contrato, mas uma liminar na Justiça permitiu que a empresa continuasse à frente do terminal.