Os três pavimentos superiores e o terraço do Quarteirão da Cultura, no prédio do Cine Teatro Fênix, estão tomados por pombos, morcegos e ratos. Em todo pisos existe uma espessa camada de fezes das aves, misturada a água, que exala forte mau cheiro. E, ainda no mesmo local foram constatados vários focos do mosquito da dengue.
“Esse é o retrato do desleixo e da falta de zelo com o patrimônio público”, avaliou o prefeito Beto Preto ao vistoriar o local ontem, ao lado do promotor de Justiça, Sérgio Salomão, e fiscais da Vigilância Sanitária. Para ele, além do prejuízo causado ao Município pelo abandono e deterioração de materiais e de vários espaços físicos do prédio, a situação representa um grave risco de contaminação para todos os moradores vizinhos.
“Convocamos a presença do Ministério Público e da Vigilância Sanitária para que também constatassem in loco a gravidade da situação”, assinalou o prefeito, acrescentando que as fezes de pombos representam uma séria ameaça às pessoas, podendo causar problemas respiratórios e até afetar o sistema nervoso central.
Nos últimos anos, conforme lembrou Beto Preto, toda a população ouviu promessas de que as obras do quarteirão da cultura seriam concluídas. “Nada disso aconteceu e o estado em que se encontra o prédio é mesmo de completo abandono”, frisou ele, acrescentando que muitos dos materiais investidos na obra, incluindo o piso, estão deteriorados.
Sérgio Salomão, representante do Ministério Público, anunciou que o problema será relatado ao titular da Promotoria do Meio Ambiente e Promotoria de Patrimônio Público, Eduardo Cabrini, que está em férias e reassume suas funções em fevereiro. “Esse edifício é um patrimônio público histórico e é muito lamentável o estado em que se encontra”, comentou Salomão.
Fiscais da Vigilância Sanitária detectaram vários pontos com larvas do Aedes Aegipty nos três pavimentos e no terraço e ainda ontem aplicaram o veneno no local. Funcionários do órgão revelaram que já receberam reclamações de comerciantes e moradores vizinhos, devido ao risco da dengue e das fezes de pombos.
“Ao observar o estado desse prédio concluímos que aqui o dinheiro público não foi bem aplicado. Vamos acionar a Procuradoria Jurídica para adotar as providências cabíveis e cobrar os responsabilizar por esse descaso com o patrimônio público”, anunciou Beto Preto. Devido ao imbróglio herdado nesta área, o prefeito ainda espera orientação jurídica e de engenheiros e arquitetos para decidir o que fazer.
OBRA INACABADA– A obra, orçada em R$ 910 mil, para a reforma de 1.580 metros quadrados do prédio, não foi concluída pela empreiteira Efer Construções Ltda. Os serviços foram interrompidos ainda na gestão do ex-prefeito Valter Aparecido Pegorer e, depois, apesar de várias vezes anunciada, a obra nunca foi retomada pelo ex-prefeito João Carlos de Oliveira. O projeto arquitetônico original previa o pavimento térreo com hall, centro cultural e acessos, livraria, local para informações ao visitante, elevador, lavabo e banheiro. O primeiro pavimento deveria contar com uma biblioteca, arquivo, guarda-volume, escritório, café, balcão de atendimento, banheiros e bebedouros. O segundo, de acordo com o projeto, teria salas multiusos e exposições temporárias, banheiros, e área de circulação. O terceiro pavimento abrigaria o museu com salão de exposições, administração, almoxarifado, museu do cinema e sanitários. Já o terraço iria abrigar espaços com café, hall, um deck e passarelas de madeira.