A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que haja no mundo cerca de 70 milhões de pessoas com Transtornos do Espectro Autista (TEA) e por isso instituiu, em 2008, o Dia Mundial de Conscientização do Autismo (2 de abril). No Brasil, são dois milhões de indivíduos que estão em algum ponto desse espectro – os TEAs são amplos e variam do autismo de alto funcionamento à quase completa incomunicabilidade, entre outros sintomas. Em crianças, o autismo leve, moderado e severo tem maior incidência do que câncer, aids e diabetes somados.

Para estimular o debate e o entendimento sobre a questão, o Centro de Apoio Multiprofissional Escolar (Came), braço da Autarquia Municipal de Educação, promove o Mês do Autismo em Apucarana. Além dos encontros da Educação Especial e Rede de Atenção Psicossocial com Ênfase em Autismo, reunindo profissionais da educação e da saúde, haverá sessão de cinema, panfletagem, piquenique, palestra, campanha de conscientização no comércio e encerramento com cantata (quadro das atividades abaixo).

“Diferentemente de outros tipos de crianças ou adultos especiais, não é fácil identificar o autista, assim como não é fácil obter o diagnóstico, feito por um time multiprofissional e sempre com muita observação”, afirma a coordenadora do Came, Léia Sofia Viale. Ela acrescenta que a conscientização da população interfere de maneira positiva na vida do autista. “Essa campanha no comércio e a panfletagem que faremos no centro da cidade visam uma sensibilização maior a respeito dos transtornos do espectro autista, quatro vezes mais frequente em meninos do que em meninas. Por isso vamos deixar Apucarana inteira azul nas próximas semanas”, afirma.

Os TEAs têm em comum um conjunto de condições comportamentais caracterizado pelo prejuízo no desenvolvimento de habilidades sociais, de comunicação e de cognição da criança. Por isso, os serviços municipais de educação e saúde precisam “entender para atender”, afirma a coordenadora de Saúde Mental do Centro de Assistência Psicossocial, Lilian Ferreira Domingues. “Lutamos para que as portas de nossas UBSs estejam cada vez mais abertas e nossos profissionais habilitados a lidar com esses pacientes.”

Até 90% dos brasileiros com autismo podem nunca ter recebido o diagnóstico. As intervenções terapêuticas, porém, são mais eficazes quanto mais cedo começarem, em especial antes dos três anos. Daí a importância da identificação tanto das potencialidades quanto do comprometimento cognitivo ou motor da pessoa.

A especialista em autismo do Came, Josiane Ferreira, acredita que haja cerca de 50 pessoas hoje, em Apucarana, com transtornos do espectro autista. “Se a população entender melhor o que são os TEAs, haverá menos preconceito, menos bullying e, consequentemente, essas pessoas serão menos excluídas”, afirma.

Mês do Autismo – Cronograma de Eventos